Portaria do Colégio Bandeirantes na manhã desta quinta-feira
(19); imagem foi manipulada para evitar a exposição de menores. (Foto: Letícia
Macedo/G1)
Extraído do site : http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/03/vazamento-de-fichas-de-alunos-gera-protesto-e-punicao-no-bandeirantes.html
Vazamento de fichas de alunos gera protesto e punição no Bandeirantes
Comentários de professores são criticados; escola culpa falta de
contexto.
O enfoque que a imprensa tem dado ao episódio recente,
que envolveu o vazamento de dados e fichas com anotação dos alunos do Colégio
Bandeirantes me pareceu ser mais no sentido de proteger a escola do que pensar
nos danos morais experimentados por estes alunos e seus familiares.
Um aluno que teria relação com o vazamento teria
sido suspenso por 8 dias, em semana de provas, sendo que, com a suspensão, ele
não poderia fazer tais provas. O absurdo jurídico ilegal já começa por aí.
Suspender um aluno sem o direito do contraditório, por uma punição que não sei
se está prevista no Regulamento da escola e ainda proibi-lo de fazer provas, é totalmente
ilegal e inconstitucional. Me parece que a escola pensou, um pouco, a este
respeito e reduziu a sanção de suspensão de 8 para 4 dias, o que, ao meu ver,
continua sendo arbitrário, ilegal e inconstitucional.
A escola, enquanto instituição que presta
serviços para os alunos, tem o dever de zelar e proteger pelo bem estar físico
e emocional de seus alunos. O Estatuto
da Criança e do Adolescente garante o direito dos alunos, crianças e
adolescentes, serem protegidos pela escola que estudam e se algum prejuízo
advém deste dever de guarda, ela é a responsável pela indenização de eventual
reparo.
A responsabilidade da escola, neste caso,
decorre da relação de consumo estabelecida entre as partes e trata-se de
responsabilidade objetiva ; ou seja, independe de prova de culpa.
O Colégio Bandeirantes utilizou como
estratégia de defesa, pelo ato horrendo ali praticado, imputar a culpa ao aluno
(menor de idade) que teria explicado aos seus colegas como encontrar os dados
dos demais alunos arquivados em determinado período, naquela instituição de
ensino e aplicou-lhe uma punição severa. Mas, o maior erro foi permitir que tal
dado constasse de um sistema de informação, cuja segurança é falha. Pior
ainda foio conteúdo do que foi escrito naquelas
fichas e dados vazados, por aqueles, em quem os alunos e pais , mais confiavam
: os professores.
Uma coisa que o Colégio Bandeirantes tem evitado
falar a respeito na mídia é a forma lamentável como os professores destes
alunos se referiram aos seus alunos. Entendo que algumas condições devem ser
observadas por todos os professores do colégio e sua coordenação, para o melhor
desenvolvimento do aluno. Entretanto, referir-se aos seus alunos de maneira
pejorativa, comparando-os com monstros de desenhos animados, ou ridicularizando
o seu traje é um ato totalmente repudiado.
Acredito que os alunos e famílias que se sentirem prejudicadas poderão
acionar judicialmente o colégio.
A notícia a que me refiro é esta daqui, que
foi veiculada no dia 19/03/2.015 :
Estudante que fez vídeo sobre vazamento foi suspenso por 8 dias.
O
vazamento de comentários feitos por professores sobre alunos do Colégio
Bandeirantes, um dos mais tradicionais de São Paulo, tem provocado mal-estar
entre alunos, pais e professores. Um aluno que teria relação com o vazamento
foi suspenso por oito dias.
Na
manhã desta quinta-feira (19), alunos do terceiro ano do Ensino Médio
participavam de uma reunião com uma pedagoga para discutir a situação. Os
outros alunos, em protesto, vieram para a escola vestidos de preto. O caso foi
divulgado nesta quinta pelo jornal "Folha de S.Paulo".
O
colégio informou que no fim de semana foi procurado por um pai que se queixava
do vazamento de comentários sobre os estudantes. Depois disso, foi constatado
que um aluno teve acesso às fichas com anotações feitas pelos professores sobre
estudantes entre o período de 2007 e 2012. A escola ainda não sabe se ele
violou o sistema ou se por uma falha técnica o conteúdo ficou disponível na
web.
O
aluno, que não foi identificado pela reportagem, fez um vídeo em que mostrava
como ter acesso às informações. Esse conteúdo foi divulgado pelos grupos de
WhatsApp aos colegas de sala. O aluno foi suspenso por oito dias. Já na
segunda-feira pela manhã estudantes disseram que não era mais possível acessar
os dados.
Algumas
informações foram fotografadas e compartilhadas com os colegas de diferentes
turmas. De acordo com o colégio, as observações foram retiradas de contexto, o
que faz com que elas ganhem uma outra dimensão.
De
acordo com os alunos, entre as mensagens estão os conteúdos de conversas dos
professores com os pais e comentários considerados por eles pejorativos.
“Aluna
perdeu a mãe em junho de 2007. É filha adotiva e talvez não saiba disso”, dizia
uma das observações feitas por um professor. Entre os alunos circula a
informação de que a estudante chegou a chorar na sala de aula ao ficar sabendo
do assunto.
Em
uma das mensagens uma aluna da 5ª série é chamada de “inadequada” e “infantil”.
“É líder negativo. Joga um professor contra o outro”, dizia uma mensagem
atribuída a uma professora e enviada por um aluno à reportagem do G1.
“Ela é falsa. Olho vivo com essa garota”, teria afirmado outra docente.
Alunos criticam tom dos comentários
O tom dos comentários é o que mais incomoda os alunos. “Pode fazer comentários, mas dizer que o menino parecia o Forest Gump não dá, né? Não tem nada a ver”, contou um estudante de camiseta preta.
Se o aluno é chato pode ser até uma opinião do
professor, mas ele não precisa reproduzir dessa forma. Isso é falta de ética. Eu
não cheguei a ver, mas fico me perguntando o que eles não devem falar de mim,
que gosto de fazer bagunça na sala de aula."
Aluno de 16 anos
Se
o aluno é chato pode ser até uma opinião do professor, mas ele não precisa
reproduzir dessa forma. Isso é falta de ética. Eu não cheguei a ver, mas fico
me perguntando o que eles não devem falar de mim, que gosto de fazer bagunça na
sala de aula. A gente fala muito dos professores, mas não sabia que eles
falavam assim da gente”, disse outro aluno de 16 anos.
Uma aluna do segundo ano se disse decepcionada com a conduta do colégio. “Um professor criticou o aluno porque ele estava com uma calça muito feminina. Isso é discriminação, não tem nada de conteúdo pedagógico. O aluno se sente meio humilhado. Eu gosto muito dos professores. Eles são bem corretos, me parecem bastante éticos, mas eu esperava outra conduta o colégio, que até agora não se desculpou em público. Eles são muito orgulhosos para se desculpar”, afirmou a garota.
A
suspensão do aluno também é polêmica. “A escola penalizou o aluno que
descobriu. Por causa disso, ele vai perder um simulado”, declarou uma menina.
Em
nota, o Colégio Bandeirantes confirmou que na última semana um aluno teve
acesso irregular às atas de reuniões de série da instituição, realizadas de
2007 a 2012 entre professores e equipe de orientação educacional.
"Esses
documentos continham informações confidenciais sobre o desenvolvimento
acadêmico, o perfil emocional e o momento de vida de cada estudante, dados
relevantes para identificação de eventuais dificuldades e pontos de
atenção", alega a instituição.
O
texto ainda afirma que o Colégio tomou medidas jurídicas cabíveis para suspender
o compartilhamento dos vídeos e informações produzidas por esse aluno com base
nos documentos, "a fim de proteger os estudantes e suas famílias. Também
estamos contatando as famílias prejudicadas, prestando os devidos
esclarecimentos."
O
Colégio também revela que optou por suspender por oito dias o estudante
"que confessou ter espalhado as informações." A instituição ainda
lamentou o ocorrido e diz manter "um canal de diálogo aberto com famílias
e alunos que se sentirem prejudicados pelo fato, reforçando o nosso compromisso
por uma educação democrática."
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