Extraído do
site : https://www.opovo.com.br/jornal/popempregosecarreiras/2018/05/criancas-e-adolescentes-superdotados-voce-conhece.html
Educadores
e pais precisam identificar as necessidades especiais de indivíduos com altas
habilidades ou com superdotação para que eles recebam orientação adequada
Você
conhece alguma criança com alguma habilidade que salta aos olhos? Ou que faz
perguntas a toda hora, querendo saber tudo bem explicadinho? Ou ainda, que
prefere conversar mais com adultos sobre assuntos e preocupações que não são
típicas da sua idade? Ou que na escola aprende mais rápido, entrega as tarefas
antes de todos e pode até ser indisciplinado, pois fica sem ter o que fazer?
Conhece alguma criança ou adolescente que manifesta indiferença com exercícios
de fixação e se cansa com explicações repetitivas?
Esses
são alguns indicadores comportamentais
que podem apontar para um fenômeno
complexo e com diversas características contrastantes conhecido como Altas Habilidades ou Superdotação
(AH/SD). É claro que não chegamos nem perto de enumerar todos os aspectos
comportamentais e para termos uma
análise correta e completa se uma criança é ou não superdotada, é preciso fazer
uma avaliação psicológica e/ou psicopedagógica. Entretanto, podemos aqui,
apresentar algumas informações que podem fazer com que pais e educadores em
geral tenham um olhar qualitativamente diferenciado sobre esse público.
Modernamente,
a teoria que melhor discute essa questão foi apresentada pelo psicólogo
norteamericano Joseph Renzulli e é intitulada de Modelo dos Três Anéis da
Superdotação. Nessa concepção as AH/SD são entendidas como a combinação de três
grandes características: 1) Elevado desempenho em algum área do conhecimento ou
habilidade humana; 2) elevado nível de pensamento divergente ou criatividade; e
3) elevado nível de dedicação a tarefa (que seja de seu interesse). É
importante observar que nessa concepção, o aspecto de um QI (quociente de
inteligência) não é considerado como fator determinante, como muitos pensam
ser. Normalmente as pessoas associam o superdotado com aquela pessoa com um QI
elevadíssimo, o que não é sempre verdade. Um indivíduo pode ser superdotado na
Música, nos Esportes ou em habilidades sociais e possuir um QI médio, por
exemplo.
Um indivíduo pode ser superdotado na Música, nos
Esportes ou em habilidades sociais e possuir um QI médio, por exemplo"
Ao
encontro desse entendimento, temos que em documentos legais os indivíduos AH/SD
são entendidos como aqueles que “apresentarem
notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos,
isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica
específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento
especial para artes e capacidade psicomotora”. Portanto, reconhece-se que
existem tipos distintos de AH/SD, o que é muito importante para que possamos melhor
identificar, valorar e acompanhar essas crianças e adolescentes.
Infelizmente,
existe muita confusão no imaginário popular quando tratamos desse tema, o que
prejudica bastante a qualidade da educação prestada.
Alguns
pensam que os superdotados não precisam de apoio, que andam com as próprias
pernas e que sempre tiram boas notas, ou seja, o paradigma de aluno ideal.
Contudo, isso é um mito. Por exemplo, em minha tese doutoral eu tive um achado
bem interessante, um dos alunos com um dos QIs mais altos era justamente o mais
“trabalhoso” da escola e “vivia sendo suspenso”, nas palavras da diretora ao
saber dos resultados dele no teste de inteligência WISV IV.
É
muito importante que as escolas e pais identifiquem e acompanhem crianças e
adolescentes de maneira diferenciada, pois isso não se trata de um privilégio,
mas de um direto humano, isto é, receber a educação qualificada conforme suas
necessidades e potenciais. Ninguém questiona que uma pessoa que detenha alguma
deficiência precise de adequação curricular ou acompanhamento especial, então
devemos levar essa mesma lógica para os AH/SD, para os mesmo alcancem o pleno
desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Afinal, esse é o papel do
educador: ajudar as pessoas a se tornarem a melhor versão delas mesmas. IGOR DE MORAES PAIM Doutor em Educação (UNESP – Marília)
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará –
Campus Umirim
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