Artigo extraído do Jornal “A Folha de São Paulo” de
10/06/2.012, seção Cotidiano.
Considerações
da Autora deste Blog :
O
assunto é polêmico e tem gerado bastante discussões em nosso País e também no
meu grupo de discussão do Facebook, chamado “Mãe de Crianças Superdotadas”.
Muitos
pais de crianças superdotadas, frustrados pela falta de apoio das escolas, em
fornecer uma Educação Especial, a que seus filhos têm direito, têm se valido
deste mecanismo pedagógico ou cogitado, seriamente, em adotá-lo. Muitos pais de
crianças superdotadas, de fato, demonstram esta vontade. Falta-lhes coragem e
estrutura para que coloquem este método de ensino, em prática.
Como
advogada, acho importante alertar aos pais que queiram oferecer este tipo de
ensino, que saibam das implicações jurídicas e riscos que a adoção desta medida
pedagógica implica, que são os riscos dos pais de virem a responder um processo
civil de indenização e, eventualmente, serem condenados civil (indenização
devida ao Estado) e criminalmente, também, por abandono intelectual, já que
pela Lei de Diretrizes Básicas da Educação há a obrigatoriedade dos pais
matriculares seus filhos, a partir dos seis anos, na rede regular de ensino
(leia-se, aqui, nas escolas), no Ensino Fundamental e, os juízes têm considerado
e entendido que praticar o homeschooling com seus filhos é crime de
abandono intelectual de menor, previsto, no Estatuto da Criança e do
Adolescente, por "deixar,
sem justa causa, de prover a instrução primária de filho em idade escolar".
Eu, particularmente, sou contra o homeschooling
para os meus filhos, talvez porque os meus filhos estão muito bem
atendidos na escola , com valores morais e religiosos compatíveis com os nossos
valores, e bem socialmente. Considero o fator social muito importante e, para
isso, acho que a convivência com os amigos tem um papel importante. Mas,
respeito quem pense diferente e entenda que, para seus filhos, o homeschooling é a melhor proposta
pedagógica a ser adotada.
Por isso, eu acho que deveria ser considerado
como uma prática pedagógica legal e lícita e deixar a cargo dos pais das
crianças decidir qual proposta pedagógica querem adotar com os seus filhos, com
a devida fiscalização de um órgão público, para avaliar se as crianças
educacadas sob o homeschooling estão
absorvendo o conteúdo pedagógico compatível, no mínimo, com a sua correlata seriação,
e também se as crianças estão bem social e emocionalmente, pois este também é o
papel da escola e esta fiscalização ela também faz. Acredito que, havendo estes
controles sobre o pedagógico, o social, e o emocional, o homeschooling
pode dar certo para aqueles que acreditam nesta proposta pedagógica.. Agora..
será que o Estado vai querer assumir a responsabilidade por esta fiscalização ?
Será que ele dispõe de supervisores de ensino competentes para fazer este tipo
de avaliações, haja vista, o nível dos nossos supervisores de ensino e as barbaridades
que eles têm praticado na nossa Educação ??? Será que os pais que pretendem
adotar o homeschooling deveriam
correr o risco de se submeter à uma avaliação a ser feita por estes
profissionais desqualificados que receberam a função, em nome do Estado, de
supervisores de ensino ? É de se refletir o que pode ser menos dramático ...
Segundo associação, hoje são ao menos mil
famílias; em 2009, eram 250.
De acordo com a lei, pais são obrigados a
matricular os filhos na escola; mesmo assim, 'homeschooling' cresce.
CLÁUDIA
COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A TIMÓTEO (MG)
Mesmo
considerado ilegal, o ensino domiciliar ("homeschooling") tem
conquistado mais adeptos no país. Dados da Aned (Associação Nacional de Ensino
Domiciliar) mostram que ao menos mil famílias já educam os filhos em casa. Em
2009, eram 250.
Minas
Gerais é o Estado que concentra o maior número: 200. Ao menos nove delas estão
sendo processadas e uma foi condenada pela Justiça ao pagamento de multa.
Em
Timóteo (215 km de Belo Horizonte), 21 famílias planejam uma ação conjunta no
Ministério Público requerendo o direito de educar os filhos "com
liberdade".
"Queremos
sair da clandestinidade", diz o empresário Cléber Nunes, 48, coordenador
da Anplia (Aliança Nacional para Proteção à Liberdade de Instruir e Aprender).
Os argumentos dos pais que adotam o
ensino domiciliar são a má qualidade da educação pública, a violência e a
suposta falta de valores morais no ambiente escolar. A maioria é evangélica.
"Não
queremos atacar a escola. Defendemos que as famílias tenham a opção de educar
seus filhos em casa", diz o pedagogo Fábio Schebella, diretor da Aned.
Para
ele, não há norma jurídica que proíba o ensino domiciliar. "Vale o
princípio constitucional da legalidade. É lícito qualquer ato que não seja
proibido por lei."
LEGISLAÇÃO
O
Estatuto da Criança e do Adolescente e a LDB (Lei de Diretrizes e Bases)
determinam que os pais matriculem os
filhos na rede regular de ensino, a partir dos seis anos.
O
artigo 246 do Código Penal configura como crime de abandono intelectual
"deixar, sem justa causa, de prover a instrução primária de filho em idade
escolar".
É
com base nesse artigo que Nunes e a mulher Bernadeth, 44, foram condenados a
pagamento de multa de R$ 9.000. Em 2005, eles tiraram da escola os filhos Davi,
19, e Jônatas, 18, que à época cursavam a 5ª e a 6ª séries.
Os
jovens fizeram várias provas que atestaram que o conhecimento deles era
compatível ao de alunos do ensino regular. Mas, ainda assim, a condenação foi
mantida.
"É
uma questão ideológica. Não julgaram os fatos. Nunca houve abandono
intelectual. Em casa, eles puderam receber uma educação que os preparou para o
mercado de trabalho e para a vida adulta", diz Nunes.
O
"homeschooling" é regulamentado em países como Canadá, Inglaterra,
México e alguns Estados dos EUA.
No
Brasil, um projeto de lei do deputado Lincoln Portela (PR-MG), que foi educado
em casa, tramita no Congresso.
Pelo
projeto, o ensino pode ser realizado pelos pais, com supervisão e avaliação
periódica. Também foi criada uma frente parlamentar em defesa do ensino
domiciliar.
EDUCADORES
Os educadores contrários à iniciativa
dizem que a educação domiciliar impede que as crianças lidem com as diferenças
e a pluralidade.
Silvia
Colello, professora da Faculdade de Educação da USP, calcula que só no ensino
fundamental a criança passe por 50 professores de diferentes disciplinas.
"Não
podemos privar a criança disso. Os pais não têm essa formação, por mais geniais
que sejam", afirma.
A
professora Angela Soligo, do departamento de psicologia da educação da Unicamp
reforça que a escola não é só um lugar para se adquirir conhecimento.
"É um
lugar de socialização, de respeito às diferenças, de convívio com as pessoas.
Em tempos de intolerância, é de se preocupar que os pais queriam educar seus
filhos com esse viés. Isso alimenta preconceitos. A sociedade quer isso?"
Na cidade recordista de casos, 'valores morais' são
a explicação.
DA ENVIADA ESPECIAL A TIMÓTEO (MG)
Ter controle sobre a educação moral dos
filhos é a principal característica das famílias de Timóteo, Minas Gerais, que
adotam o "homeschooling".
São 200 casos, na maioria evangélicos.
A Folha conversou com quatro delas.
Todas se inspiram na história de sucesso da família de Cléber Nunes, que se
autodeclara cristão.
Os
filhos Davi e Jônatas, que foram educados em casa e hoje trabalham como
programador e webdesigner, ganharam neste ano prêmios na área de inovação
tecnológica que somam R$ 30 mil.
O
administrador de empresas Glayson Fick Silva, 41, afirma que pretende manter a
filha Emilly longe da escola em razão da inversão dos valores éticos e morais.
"Os
educadores dizem que a socialização é importante. Mas do jeito que as coisas
estão, isso tudo não é exemplo", justifica Silva.
A
mulher Mariana, 31, formada em ciências biológicas, é quem educa a filha do
casal, de quatro anos.
"Minha
filha estudou um ano em uma escola que também tinha alunos maiores. Nesse
período, uma menina ficou grávida, um aluno entrou com arma na escola e outro
foi pego fazendo sexo oral no banheiro. Como vou entregar [para a escola] meu
bem mais precioso?"
O
metalúrgico Hugleslei Vagner Mendonça Filho, 35, e a mulher Fabrícia, 32, têm
preocupações semelhantes. Neste ano, eles retiraram as filhas Emily, 10, e
Camila, 7, da escola. "Somos evangélicos e seguimos princípios bíblicos
contrários ao que se ensina na escola, como o homossexualismo."
Fabrícia
conta que teve ajuda de uma pedagoga para montar a grade curricular das filhas
parecida com o que elas aprenderiam na escola. "Acrescento aulas práticas,
como cozinha e jardinagem."
Ela
afirma que Emily está mais "desinibida". "Ela tinha vergonha de
perguntar na sala de aula, tinha medo de errar. Agora isso acabou. As duas
também estão lendo mais."
E
a socialização com outras crianças? "Elas têm as amiguinhas da igreja e
duas vezes por semana frequentam aula de natação."
Neste
ano, o aposentado Gilberto Pereira Lana, 49, e a mulher Rilda, 40, também
retiraram da escola os filhos Beth, 14, e Gabriel, 11, para educá-los em casa.
"Nosso objetivo não é fazer como no sistema, decorar, marcar 'xiszinhos'.
Queremos que eles cresçam intelectualmente."
O
casal foi denunciado ao Conselho Tutelar e agora aguarda a audiência.
"Estamos tranquilos. É um direito nosso", afirma o pai.
Da
escola, Beth só diz sentir saudade dos amigos. "Foi difícil para mim, mas
eu sei que os meus pais estão fazendo o melhor para mim." (CC).
FRASES
"Não
queremos atacar a escola" (FÁBIO SCHEBELLA, pedagogo e diretor da Associação
Nacional de Ensino Domiciliar)
"É de
se preocupar que queriam educar os filhos assim". (ANGELA SOLIGO,professora departamento de psicologia da educação da Unicamp,
sobre a falta de sociabilização).
A Dra.Zenita C. Guenther enviou o seguinte comentário a este artigo que eu publiquei :
ResponderExcluir"Um detalhe importante:
nos EU o estado devolve a parcela paga do imposto da educação aos pais que devidem não utilizar a escola- e aí fiscalizam... Foi dai que saiu a ideia das "chartered schools", que estudei a fundo- não se parece nada com nossa aguada "escola cooperativa" ou sua prima "escola comunitária"... onde tudo é pago outra vez pelos pais, e o estado ainda se arvora em "ficalizar"... Para isso teriam que nos devolder esse mundão de impostos arrancados de nós sem defesa, mas eu mesma não vejo isso acontecendo aqui..., nem em um milhão de anos...
... responsabilizar os pais por whatever em relação à educação e saude... só se os impostos fossem devolvidos... ai podiam fiscalizar... mas assim, como diz o português "na borla'? não há moral para tanto, apesar dos juristas terem um prato à frente...
Zenita C. Guenther
Direção Técnica - CEDET / ASPAT
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